Coração de pedra.

Já senti mágoas na vida, muitas vezes tão profundas, ainda não esquecidas, mágoas cruéis e mortais. Mas de tantas mágoas ter vivido, sentido no peito as pontadas, receio ter aprendido e tê-las todas perdoado. Aprendi a perdoar. Sim porque perdoar me liberta da mágoa que me aprisiona, daquela que me consome e me entristece por dentro. Perdoando aprendi que a vida se resume, não as lamentações, os queixumes, mas ao crescimento com pessoa. No fundo, no fundo todas as mágoas fizeram bem, todas me foram boas, me trazendo uma lição que jamais vou esquecer: Que na vida quem não perdoar, jamais conseguirá viver em paz, tampouco terá perdão, das mágoas que também traz. Já magoei fui magoado e das mágoas que causei, queria perdão de todas, mas não queria perdoar as mágoas porque passei, até aprender que só perdoando consigo, desfazer um inimigo que eu mesmo cultivei. Já senti mágoas na vida, decepções muito fortes, mas também já magoei, também decepcionei, também eu perdi meu norte. E nestas meditações, continuo a pressentir, que ainda corações, duros, tensos, que não irão consentir a chegada do perdão. Corações de pedra, semelhante ao que eu tinha, quando o sofrimento me vinha, provocado por alguém, agia feito carrasco, virava as costas, pisava, também eu me maltratava naquilo eu fazia, mas nem palavras, nem conselho resolvia, meu coração era só rocha, dureza impenetrável, pensamentos me corroíam e a paz me abandonava. Ainda sofro com mágoas, me chegam decepções, mas convivo com tudo isso, sabendo perdoar, porque o melhor das emoções, a mais importante delas, é o saber perdoar. Não há prova mais concreta no mundo, que uma mágoa resolvida, o perdão pra toda vida e o amor pelo futuro, perdoar é a saída que encontramos no escuro, a luz que nos ilumina e carinhosamente ensina, o perdão sem ter medida e o olhar sempre pra cima.